Entre o Páthos e o Lógos: filosofia em clave poética

Os textos oferecidos na sequência são frutos de uma existência marcada por aquilo que muitos consideram indesejável ou mesmo intolerável: a incoerência. Sim, eis o que notabiliza a aventura humana experienciada por um indivíduo que, tão somente, buscou significar a Realidade nas formas mais variegadas, ora sólidas e impactantes, ora inconsistentes e fugidias, em que ela teima se manifestar! Assim é o Mundo: complexo e subcontrário. Assim, talvez, seja o poeta: a permanente fluidez de um substrato ontológico inconstante e tempestuoso que in-siste, per¬-siste, re-siste e, não poucas vezes, de-siste. Um eu? Quem sabe. Muitos “eus”? Possivelmente. Entre o Pathos (experiência de radical finitude que se traduz em múltiplas a-fetações destrutivas, ou mesmo construtivas) e o Logos (tentativa ordenadora e lúcida de uma pró-cura inteligível do vir-a-ser) a Condição Humana se espraia... Algo que se vivencia mais propriamente do que se esclarece de forma definitiva. Doravante, tecido por estas constantes antropológicas, decidi eu mesmo – ao menos um destes “eus” escondidos nos escombros de minha humanidade –, escrever estes sumários parágrafos por uma simples razão: avisar a quem se aproxime dos textos que não procure nestas páginas nada além de um alguém que se despe. E, certamente, se eu redigisse esta apresentação em outro dia, ou em outra noite, diferentes e contraditórias palavras viriam à luz para dizer coisas que, neste momento, não penso, não sinto, não percebo e não desejo.